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Colóquio Internacional | International Symposium

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a Bretanha à Ibéria

Trajectos do Rei Artur e dos seus Cavaleiros

From Britain to Iberia: Journeys of King Arthur and his Knights

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Que trajectos do rei Artur?

 

   O estudo da difusão da matéria arturiana na Península Ibérica, objectivo em torno do qual se congregou a Secção Hispânica da Internacional Arthurian Society, apresenta-se repartido em três grandes domínios que são também os períodos em que essa difusão teve lugar: a fase medieval, que assiste à divulgação de uma literatura essencialmente de origem francesa que tem no centro o romance em prosa; o período actualmente designado Early Modern, em que a matéria arturiana e a versão impressa do Amadís de Gaula estão na génese da enorme vaga de «livros de cavalarias» que culmina com o Don Quijote de Cervantes; e, finalmente, a fase do revivalismo romântico arturiano, que arranca no séc. XIX, a partir da cultura inglesa, para se voltar a disseminar por toda a Europa, num processo de recriação que continua hoje em dia.

    Embora estas fases de recepção se refiram à matéria arturiana enquanto literatura narrativa que ganha corpo, sobretudo, na forma dos ciclos de romances em prosa, que ocupam, sem dúvida, o espaço privilegiado na constituição do imaginário cultural arturiano, há vertentes desta literatura que permanecem pouco frequentadas, ou mesmo votadas a algum silêncio. Referimo-nos a outra faceta da matéria arturiana, constituída pela literatura didáctica, de propaganda ou de intervenção política, que vem a constituir-se, no séc. XII britânico, a partir da Historia Regum Britanniae, de Geoffrey de Monmouth, e da sua tradução no Roman de Brut, de Mestre Wace, dando lugar a um sem número de citações, paráfrases ou refundições de todo o tipo.

    A essa difusão da matéria arturiana, que conheceu uma expansão não tão visível, mas igualmente europeia, se deve a parte referente ao rei Artur dos Voeux du Paon, de Jacques de Longuyon, no início do séc. XIV, que originou a versão peninsular Los Nueve de la Fama, que virá a ser amplamente citada ao longo do séc. XVI; de referir também o De Casibus Virorum Illustrium, de Giovanni Boccaccio, também redigido no séc. XIV, em que Artur ocupa um lugar de destaque, obra que virá a obter uma fama ibérica notável, tanto em latim como na tradução castelhana, tendo esta conhecido uma primeira versão impressa em 1495, com o título Caída de príncipes; e, por último, não é possível ignorar o papel desempenhado pelo Roman de Brut na génese da historiografia ibérica em vulgar, já que este se revela um dos textos que estarão na génese do Liber Regum, sem dúvida um dos mais parafraseados compêndios historiográficos existentes em qualquer uma das línguas românicas ibéricas.

   Seja como for, a matéria arturiana está bem presente na cultura escrita do final da Idade Média e no período designado «Early Modern», sendo variados os caminhos que terão conduzido ao seu conhecimento, havendo, na maior parte dos casos, uma inevitável mistura de fontes.

   Assim, sem esquecer o vasto domínio do romance arturiano em prosa – que veio a polarizar-se em torno do eixo Artur-Graal e ao qual se continua a consagrar o fundamental dos estudos e das atenções –, foi nossa intenção, na escolha da temática do colóquio de 2023 no Porto, chamar também a atenção para esses outros filões narrativos, capazes de trazer algumas novidades e surpresas à nossa área de investigação.

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